Hoje escrevo sobre um eufemismo que, qual chavão importado dos States, faz furor no mundo profissional. Escrevo sobre o Workaholic ou, na língua de Camões, o Viciado em Trabalho.
Corro aqui deliberadamente o risco de ser controverso, de gerar polémica, de me chamarem alguns “eufemismos” ou até, quem sabe, algum disfemismo (leia-se palavrão), mas em bom português eu chamaria a um Workaholic nada mais, nada menos do que Incompetente.
Corro aqui deliberadamente o risco de ser controverso, de gerar polémica, de me chamarem alguns “eufemismos” ou até, quem sabe, algum disfemismo (leia-se palavrão), mas em bom português eu chamaria a um Workaholic nada mais, nada menos do que Incompetente.
É verdade… espantem-se os que pensam que os Workaholics ou viciados no trabalho ou o raio que os parta são aqueles trabalhadores incansáveis e exemplares, aqueles cidadãos que formam pilares de um sociedade bem formada, aqueles pais que servem de exemplo às gerações vindouras, aqueles filhos que enchem de orgulho os papás, avós e demais familiares.
Na realidade estamos a falar de seres Humanos que primam pela incompetência pura e dura, em pelo menos uma faceta da sua vida.
Senão vejamos: o Workaholic do tipo Incompetente Profissional é aquele indivíduo que, por não saber organizar o seu próprio trabalho, nem o dos que lhe reportam, se obriga a si mesmo a trabalhar horas e horas a fio sem ver o fim à pilha de trabalho a fazer. Esta espécie de Workaholic não sabe consequentemente delegar, nem gerir o trabalho de terceiros e portanto acaba por entregar horas infindas da sua finita existência à arte de “bem trabalhar”. Escusado será dizer que este espécime, acaba por arrastar na sua senda de labuta desenfreada todos os que se encontram à sua volta; ou melhor, e sem eufemismos, à sua mercê.
Mas ainda há mais: o Workaholic do tipo Incompetente Social é aquele que não vê barreiras entre o trabalho e o resto do mundo à sua volta. Desta forma, varre toda a sua vida pessoal (família, amigos, etc.) para um vórtice profissional que acaba por engolir tudo o que merece ser vivido para lá do trabalho. Estes “excelentes trabalhadores” são aqueles que por terem tanto trabalho acabam por não “poder” ir ao hospital visitar um familiar doente. Estes “profissionais abnegados” são aqueles que trocam o telefonema para um filho ao final da tarde por telefonemas “urgentes” de longa duração para outros pares na organização. Estes indivíduos esquecem-se que a expressão Ser Humano, só faz sentido quando se sabe conjugar na primeira pessoa o verbo Ser.
Claro está que os “maravilhosos” Homo Sapiens Sapiens que conseguem ser simultaneamente Incompetentes Profissionais e Incompetentes Pessoais são indivíduos que merecem ser analisados em laboratório: são perigosos, agressivos, sedentos e não olham a meios para atingir os seus fins… sejam estes uns degraus acima na “escala do estatuto” ou uma tromba amarfanhada por um AVC. Em ambos os casos, e infelizmente, não estão confinados a um laboratório... andam por aí à solta.
No entanto, existem excelentes profissionais que conseguem trabalhar com competência, verticalidade e muitas horas de trabalho a fio, sem descurarem (diria mesmo sacrificarem) a sua vida pessoal, os seus hobbies, a sua Vida… mas, não obstante, estes indivíduos de excelência são apenas estrelinhas que brilham isoladas nas pontas distantes de uma curva de Gauss. São, tão só e apenas, a excepção que confirma a regra!
Quod Erat Demonstrandum
P.S.: Também eu já fui, e evito actualmente com esforço tornar a ser, um Incompetente Social. Portanto, e porque estamos em maré de States, eu digo: “Been there done that”… e que se fodam os eufemismos: Não Quero Mais!
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