Na Sociedade actual, nos tempos dito modernos, fala-se, arriscaria
excessivamente, no Futuro. O Futuro converte-se quase imediatamente numa
entidade constante nas nossas vidas.
O Futuro passa a ser uma obsessão doentia:
Vai haver cautelar ou não? Qual vai ser o défice? Quais serão os sacrifícios? Terei
emprego? Haverá direito à reforma? Conseguirei sustentar os meus filhos? Serei
feliz? Viverei?
As questões amontoam-se umas em cima das outras, e todas em cima de nós, ao
ponto de parecer que sufocamos. Curioso, não? Tornamo-nos tão obcecados com o
Futuro e acabamos por afogar o Presente, acabamos por nos esquecer de viver.
O Futuro, este futuro que nos corrói a alma, acaba por ser a eterna cenoura
que perseguimos, esquecendo que as chibatadas que levamos da Vida acontecem
Agora e que a carga que carregamos às costas já passou há muito tempo, mora num
lugar chamado Passado.
O Passado, esse, acaba por ser a fonte de alimentação deste Futuro que nos
arrasa no dia-a-dia: queremos ardentemente não cometer os mesmos erros,
ansiamos por não sofrer o que sofremos, lutamos por ter mais do que tivemos,
desejamos amar mais do que amámos.
Mas quando nos apercebemos, já estamos a conjugar os verbos novamente no Pretérito Imperfeito e as oportunidades do Futuro, fugazes como uma brisa
fresca em tarde quente de Verão, simplesmente passaram... É a verdade:
esforçamo-nos de tal forma por viver o Futuro, que acabamos por conseguir apenas sobreviver
na rotina que aceleradamente se converte em Passado.
Nesta luta diária, em que obsessivamente buscamos o amanhã de olhos postos
no dia de ontem, alimentamos a fornalha das preocupações, dos projectos, do que
há-de vir, esquecendo que o dia, a hora, o minuto, o segundo, mais importantes
são este preciso momento. Estamos aqui, estamos vivos, merecemos sorver este instante como se fosse o
último das nossas vidas ou como se encerrasse na sua pequenez uma imensidão
infinita.
No entanto, e como interessa à “sociedade actual”, importa pensar assim,
importa retermo-nos no Futuro que não sabemos sequer existir. Interessa marchar
no carreiro, interessa subsistir, interessa produzir, interessa alimentarmo-nos
dos que vacilam e tombam ao nosso lado, interessa garantir que a rainha ponha
os ovos, reproduza, crie mais de nós, para se perpetuar este ciclo de medo do
Futuro que nos mantém, quais formigas esmagadas pela responsabilidade, a
caminhar cega e obedientemente umas atrás das outras.
Claro que não advogo a irresponsabilidade generalizada. Óbvio que devemos fazer
projectos e pensar no Futuro o quanto baste, mas tal como o Passado que não
podemos alterar, tratemos o Futuro como ele realmente é: uma realidade por vir
que não podemos controlar.
Esta verdade nua e crua remete-me para uma imagem que se repete na minha
cabeça. A imagem de um eterno candidato a passageiro, petrificado na plataforma,
que olha com melancolia para a escuridão do túnel que engoliu o combóio que já
passou, enquanto espreita com ansiedade para a luz do combóio que há-de entrar
na estação, sem no entanto chegar a dar o passo em frente, sem entrar em qualquer
carruagem, sem arriscar viver.
Pois deixemos de ser aquele passageiro estático e com medo de arriscar e sejamos
incomensuravelmente mais felizes: vivamos o Presente!
"Yesterday is History, Tomorrow a Mystery, Today is a Gift, Thats why
it's called The Present"
(frase de autor desconhecido que me foi dada a
conhecer por um irmão)
Amigo, grandes palavras, as quais me permito complementar citando um pequeno excerto de uma música: "HOJE é uma dádiva, é por isso que se chama PRESENTE." Vivamos a vida. Abração!!!
ResponderEliminarA Vida prega-nos muitas partidas e vivemos nós tão preocupados com o Futuro...que nos esquecemos que de um momento para o outro......podemos já cá não estar....e tanta preocupação torna-se em anedota do Destino....
ResponderEliminarkisses